Archive for junho 2012

Os maiores erros dos autores iniciantes


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Se eu nunca deixei claro isso, deixarei agora. Patrick Rothfuss é  o meu autor favorito no momento e admiro muito o trabalho de Vera Ribeiro na tradução, por ter mantido o ar do livro original.

Eu vi no blog dele o seguinte artigo, traduzido pelo blog 3 Canecas, alias gosto muito deles. E copiarei aqui - a tradução é do 3 Canecas eu só estou copiando porque gostei a beça.


Vagando pelo blog do Patrick Rothfuss, autor da trilogia “As crônicas do matador do rei”, aqui no Brasil publicado pela editora Arqueiro, encontrei um post que ele da um conselho a uma leitora que deseja escrever um livro de fantasia. O conselho é genial, apesar de enorme e vale a leitura.
Essa foi a carta que a fã de Patrick Rothfuss, Jan, escreveu para ele:
 “Pat,
 Eu amo seus livros e eu venho lendo seu blog durante anos, silenciosamente me escondendo. Não querendo tomar seu tempo com comentário, deixo uma carta.
Mas aqui está o problema, Após anos pensando sobre isso [escrever um livro]. Eu realmente comecei a escrever.
Pois é, grande surpresa, eu estou procurando por um conselho.
Eu sei que a maioria deles eu vou ter que aprender sozinha, e eu sei que você não terá o tempo de me dizer todos os macetes, que você tem aprendido durante todos esses anos. Mas eu estava esperando que você pudesse me contar uma coisa. Não algo que devo fazer, mas algo que devo evitar. Qual o maior erro que você vê novos escritores de fantasia cometendo?
Se você puder me contar qual é o erro, então quem sabe eu não consiga evitar este e cometer outros erros ao invés disso.
Com Amor,
Jan.”

E isso foi o que ele respondeu:

Ouunn … Amor de graça.
Bom Jan, o grande erro que eu vejo novos escritores cometendo são as apóstrofes no lugar errado. [No texto em inglês, ela usou apostrofe de forma errada].
Não, espera. Não chora. Só estou implicando com você. Eu faço piadas porque eu amo. Eu não uso piadas sobre erros gramaticais contra pessoas. Diabos, eu cometo o clássico erro it’s/its o tempo todo.
De qualquer forma, vamos ao coração do problema. Deixa eu te responder a pergunta do jeito que eu respondo todas as perguntas. Com uma história.
Meses atrás, eu estava sentado com Oot. Ele estava entrando naquela fase verbal onde se formula frases inteiras. E mais ao ponto da história: Ele estava aprendendo a contar.
Então, nós estávamos sentados e eu segurei um dedo e disse “um…”
Ele sabe onde quero chegar com isso. Contar é uma coisa nova, então ele está muito animado com isso.
“Um..” Eu disse novamente
Desta vez, ele entrou na brincadeira. “…dois, três. Quatro! Cinco! SEIS! OITO! DEZ! SEIS! TRÊS! SEIS!
Ele ficou bem animado depois do três. Ele fazia movimentos circulares com as mãos entusiasmadamente.  Em um bom dia, ele acerta todos os números até nove.
É perfeitamente natural, de verdade. Quando você tem alguma informação legal para mostrar, você acaba ficando muito animado.
Mais tarde naquele dia, ele estava lendo um livro com Sarah. Era a última página de um livro grande de Richard Scarry e tem grupos de coisas alinhados, simplesmente para contagem. Uma figura de uma baleia, duas figuras de mamutes, três porcos.
Você pegou a ideia.
Mamãe está ensinando a ele sobre Joaninhas e botões. Tem muitos deles. Muito mais do que dez.
Eu disse para Sarah que ela poderia sair, pra fazer suas coisas e me sentei com Oot.
Eu apontei para o livro. “Quantas morsas tem aqui”
Ele olhou para a página “um…dois…” ele olhou para o livro sério.
Tem uma pausa. Uma longa pausa. Ele franze a sobrancelha.
“Dois” ele diz.
“Bom trabalho” Eu disse, completamente entusiasmado. Isso é grande coisa. Estou orgulhoso dele. Ele realmente pensou e descobriu. E não simplesmente teve um palpite.
Eu apontei na linha de baixo da página “Quantos porcos?”
Ele olhou para os três porcos. “Um…Dois…Três”
Mas ele não parou por ai. Ele continuou. “Quatro! Cinco! Seis! SETE! DEZ! ONZE! MUITOS!” Ele terminou erguendo os braços acima da cabeça de modo triunfante.
É fofo pra caramba, de verdade. Mas o fato é, ele está errado. Ele foi induzido pela emoção.
E isso, Jan, é o maior problema que eu vejo nos novos autores de fantasia.
 *** 
 (Sim, isso é uma quebra de cena. Eu decidi que eu posso colocar uma quebra de cena se eu quiser)
 Você ve, uma das partes mais difíceis sobre escrever fantasia é descrever as coisas.
Agora, este problema não é exclusivo de livros de fantasia. Não importa o gênero do que você está escrevendo, você tem que descrever as coisas.
O problema é que em fantasia, existe muita coisa que você deve descrever.
Se você escreve um livro que se passa no mundo real, você pode assumir com certeza que seu leitor tem uma base de conhecimento. Eles conhecem Seattle e Paris. Eles vão saber o que internet é. Eles (quase certamente) vão  saber quem é Robin Hood. Eles (provavelmente) vão saber  quem Don Quixote é. Eles (talvez) vão saber  quem Cyrano De Bergerac é.
Mas quando você está escrevendo fantasia, especialmente fantasias de um mundo secundário (e por isso eu quero dizer fantasia em que a história acontece em um lugar diferente do nosso mundo) o leitor não sabe absolutamente nada sobre este mundo.
Agora na maioria das vezes, este é um dos pontos que mais vende nos livros. Uma grande parte da emoção do livro de fantasia de um mundo secundário é se maravilhar com a exploração. Nos conseguimos ver novos países, criaturas fantásticas, culturas diferentes, mágicas curiosas e etc.
E, honestamente, essa é uma das melhores coisas de ser um escritor de fantasia. Você pode construir castelos no céu e depois mostra-los pras pessoas.
Então é aqui que isso pode ir errado:

  1. Você cria algo para seu mundo de fantasia: uma criatura, uma cultura, um mito. Não importa.
  2. Você está orgulhoso da sua criação. Você está animado com isso. Você ama sua criação ferozmente.
  3. Você precisa descrever esta coisa para seu leitor, porque se eles não entenderem como aquilo funciona, sua história não faz sentido. (3.b. Não se esqueça, a história é o motivo pelo qual as pessoas estão lá. História é tudo. História é deus.)
  4. Então você começa a escrever sobre como as pessoas em Shire [ aqui ele começa sua menção a Senhor do Anéis]celebra seus aniversários (isso é importante, porque um dos primeiros maiores eventos do livro é uma festa de aniversário) e você fala sobre como hobbits dão os presentes em suas festas ao invés de receber os presentes (Isto é importante porque conta como Bilbo entrega o anel para Frodo). Então você começa a falar sobre como esses presentes são passados para frente, festa após festa. E como estes itens são chamados de Mathoms,  e como na verdade há um museu cheio de Mathoms em Michel Delving, que fica em Westfarthing de Shire como você sabe, Shire é composta por 4 regiões que tem seus nomes por causa das famílias proeminentes destas áreas,  sendo assim TookLand foi nomeada depois dos Tooks, que é a maior e mais velha família de Shire e de fato ainda possuem o título de Thain, que foi passado para eles pelos Oldbucks e enquanto o titulo é algo cerimonial nestes dias, devido aos tempos pacíficos … Quatro! Cinco! SETE! DEZ! SETE! MUITOS!
Você ve o que acontece? É fácil para um autor ficar tão entretido com os detalhes do mundo que ele criou que ele sai dos trilhos e dá mais informações do que o necessário para a história.
 Agora parece que eu estou implicando com Tolken. Mas eu vou falar novamente: Eu faço piada  porque eu amo. Eu cresci lendo Tolken e eu digo isso quase literalmente. Eu li O Senhor dos Anéis pelo menos uma vez por ano, durante toda a minha adolescência.
Devo dar o crédito: Tolken nos deu uma das melhores tradições do nosso gênero, de elaborar e tornar realístico o mundo que construímos.
Infelizmente, ele também deu a tradição de providenciar MUITA informação no começo da história.
Tolken é o grande percursor da fantasia moderna. O seu impacto no gênero é incomensurável.
De novo, eu amo Tolken. Mas o prólogo da Sociedade do Anel é uma das partes que mais existe informação inútil. Na pior das hipóteses, é como ler Leviticus.
(Ok, tudo bem, é mais como tentar ler Números,  mas você sabe o que eu quis dizer)
E sim, você pode argumentar que Letivicus é um capítulo no livro mais vendido do mundo.  Mas a chave disso tudo é que a bíblia não começa com Litivicus. A bíblia começa com ação. Logo no começo você tem mágica (“E que se faça a luz”). Você tem conflito, você tem desenvolvimento de personagens, drama, traição, exilo do paraíso. Estas são coisas excitantes. Genesis consegue fazer a história fluir. Está feito o gancho.
Por isso a bíblia venderia tão bem. Só depois de você se envolver na trama que Moises começa a descrever o mundo de forma meio maçante. Ele fez isso por uma razão. Se ele começasse a bíblia com uma grande quantidade de informação,  ficaria meio entediante. Nenhuma editora gostaria de publica-lo.
Então como evitar cair na armadilha de escrever muita informação?
Eu gostaria de te dar uma resposta fácil para isso, Jan. Mas a verdade é que eu poderia dar um curso de uma semana sobre como resolver esta simples questão. Há inúmeras armadilhas. Há 100 maneiras de fazer bem feito e 1000 de fazer errado.
O que torna esta questão tão difícil é que “muito” é tudo uma questão de gosto. Alguns leitores realmente querem ler todos os detalhes da dinastia Shi-Ang e como eles governavam com o uso de telepatia. Outros leitores só querem que você se apresse,  para chegar na parte em que a Irmandade inicia o ensinamento dos segredos do Beijo Eterno.
É também uma questão de estilo. Alguns escritores são melhores em expor do que outros.  Algumas palavras requerem mais explicações do que outras.
Minha filosofia pessoal é que você deve ter muita cautela. Dada uma opção, eu prefiro dar pouca informação e deixar você querendo mais, do que dar muita informação e arriscar deixar você entediado.
E sim, eu estou ciente da ironia de pregar “menos é mais” depois de ter escrito um livro de 400.000 palavras. Imagine o quão longo ficaria se eu não tivesse conscientemente diminuindo as descrições.
Na minha opinião, Jan, o que você pode fazer pra evitar este problema é ficar ciente de que isto É um problema.
Saber disso já é metade da batalha, e toda ela.



Só reintegrando: Eu amo esse cara.

Resenha: Peter Pan


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Estranhas folhas de árvore no chão do quarto das crianças, um menino, vestido de folhas e de limo, que aparece subitamente... Bem que a intuição da senhora Darling lhe dizia que algo estava para acontecer. Logo, seus filhos estariam envolvidos numa incrível viagem à Terra do Nunca, onde os adultos não entram e de onde muitas crianças não voltam jamais! Nenhum pirata será tão cruel, nenhuma sereia tão sedutora, nenhuma aventura tão emocionante como aqui, onde tudo tudo começou! 
Texto na contra capa do livro 

Comprei Peter Pan em uma dessas bienais da vida, a editora Salamandra estava com uma promoção boa e o que logo me encantou foi a capa.
A história já é bem conhecida pelo filme da Disney, mas o filme aproveita apenas alguns personagens deixando de lado tanta história. Não vou entrar no mérito de ser ou não uma história infantil. Lembro que não achei o livro realmente para crianças.

Acho essa capa linda demais.


A história

Essa é uma história sobre uma Ilha. Onde sereias, piratas, índios e guerreiros coexistem. Onde adultos são os vilões. Mas, é principalmente a história de um menino com sardas, riso fácil e com todos os dentes de leite na boca e que será menino para todo o sempre.
Peter Pan, o maior aventureiro de todos os tempos, se encanta ao ouvir as histórias contatas por Wendy para seus dois irmãos em Londres. Por achar que Wendy seria uma boa mãe ele resolve a levar até a  Terra do Nunca, onde meninos nunca deixarão de ser meninos. Peter a leva junto com seus irmãos João e Miguel e juntos com os meninos perdidos eles poderão viver as mais terríveis em incríveis aventuras, sem nunca ter de se preocupar com crescer.

Minha opinião

Primeiramente, o texto acima soou menos sessão da tarde na minha cabeça....James Barrie constrói seu conto a partir de Peter que me encantou logo de cara. Seu jeito moleque, a vontade de nunca crescer,  seu jeito de falar, sua empolgadão, sua vontade de combater a justiça, acabar com o mal do mundo e seu jeito mandão.
Temos a Sininho ainda mais ciumenta no livro, um Peter que se esquece das coisas e vemos a preocupação de Wendy com seus pais, como é tão fácil viver sem responsabilidades, mas tão errado.

Já haviam me dito que o livro era uma crítica a época. De como João tem que crescer para trabalhar em um banco e como Wendy tem que ficar e cuidar da casa. Os esteriótipos são reforçados. Se isso foi feito para ser uma crítica ou não, só perguntando a Mr. Barrie.
Eu penso sim, como uma crítica. Pois, a peça foi primeiramente apresentada para adultos e mais ainda, criança nenhuma vai entender esse medo de crescer. Adultos sim. Adultos entendem o que é "abrir mão das ilusões" e assumir seu papel na sociedade. Isso pode ser uma preocupação do início da adolescência, mas  uma criança não sabe o que é ser um adulto. Um adulto sabe como é ser adulto e como é ser criança, logo acho que a história se direciona também a eles.
O final é diferente do dos filmes. E o maior mérito em relação ao livro é justamente como os sentimentos se desenvolvem.
A leitura vale a pena, mas só se você não esperar ver o conto da Disney, Peter Pan é uma peça de 1904, um livro de 1911.  Ciente disso, entre no livro, mergulhe de cabeça nas aventuras e aproveite.

"Todas as crianças crescem- menos uma. E bem cedo elas ficam sabendo que vão crescer. O jeito de Wendy ficar sabendo foi assim. Um dia, quando ela tinha dois anos, estava brincando no jardim, pegou mais uma flor e correu com ela para junto da mãe. Imagino que ela devia estar uma gracinha, porque a senhora Darling pôs a mão no coração e exclamou: -Ah, Por que é que você não pode ficar assim para sempre?
Foi só isso que se passou entre as duas sobre esse assunto. Mas, daí para a frente, Wendy ficou sabendo que tinha que crescer. Depois dos dois anos, você sempre fica sabendo. Dois anos é o começo do fim. "

Post-Scriptum: Se possível, pegue essa edição. A tradução da Ana Maria Machado é belíssima e as 
ilustrações beiram a perfeição. 


"Eu não sei se alguma vez você já viu o mapa da cabeça de uma pessoa por dentro. Ás vezes os médicos desenham mapas de outras partes suas, e seu próprio mapa pode ser muito interessante. Mas eles nunca se metem a desenhar a mente de uma criança. Não só porque é muito confusa, mas porque ela fica girando sem parar. É cheia de linhas em ziguezague parecidas com os gráficos de temperatura. Provavelmente essas linhas são estradas da Ilha. Ah sim porque a Terra do Nunca é, sempre, mais ou menos uma ilha, com manchas surpreendentes de cores aqui e ali, com recifes de coral e embarcações cheias de mastros se fazendo ao largo, com selvagens e covis solitários, com gnomos que quase sempre são alfaiates e com cavernas por onde correm rios, com príncipes que têm seis irmãos mais velhos e uma cabana que está caindo aos pedaços e uma velha muito velha de nariz torto."

Inspiração: Tatuagens


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Meu pai odeia tatuagens. Ele jura que matava eu ou meu irmão se fizéssemos uma. Mesmo eu não morando com ele. Ele pode dizer que é porque nosso corpo é templo do Espírito Santo, mas mesmo antes de ser religioso ele abominava tatuagens.
Mas, o desafio não partiu de nenhum de nós dois. Um belo dia, minha mãe apareceu com flores desenhadas no pé. Traição em último grau, desonra máxima. Mas, ele foi superando obviamente. E agora sou eu a estar planejando uma tatuagem.
Não vou dizer que eu não surto com a idéia. Tem dias que eu durmo decidida e acordo na dúvida. Mas, se for algo que signifique, não vejo por que não.
Começo do começo do planejamento,mas já é alguma coisa. ;)
Nenhuma das imagens abaixo me pertencem, mas eu não faço idéia de quem são os donos delas.


Admito que essa era minha idéia inicial, mas só a frase. -.-
White Ink *-*

A única com crédito: Bruna Vieira, do Depois dos quinze.
Lord of The Rings 

Do tumblr,To reach a port, we must sail


Pearl Jam


Não faria, mas achei muito linda.

Resenha: American History X


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Primeiramente, esse não é um filme feliz recomendado para crianças. Nem de perto.

A Outra história americana, como ficou o título em português é um filme complexo capaz de tirar o espectador do sério. Falo por mim mesma e pelas diversas emoções que passei no decorrer das quase 2 horas de filme. Você acaba se encantando pelos personagens, entendendo suas motivações e passa de ódio a amor por eles.

A História


Versão com spoiler, mas não do final

Danny Vineyeard (Edward Furlong) acaba de entregar seu trabalho de história. Um texto sobre Mein Kampf. Seu professor não vê futuro no garoto, mas o diretor não quer desistir do menino. Sendo assim, pede para ele refazer o trabalho, só que sobre o irmão dele. E esse é o primeiro trabalho da aula de American History X.
Derek Vineyard (Edwad Norton) é um garoto inteligente, vivaz. Mas, após a morte do pai, que era bombeiro, por negros de uma gangue, ele desenvolve um ódio geral por negros, judeus e imigrantes. Com todo esse ódio ele acaba conhecendo Cameron (Stacy Keach) que o incita a fundar um grupo neonazista. Derek é o perfeito líder, carismático, bonito, audaz. Capaz de reunir multidões com suas idéias. Entretanto sua família não concorda inteiramente com ele, exceto seu irmão mais novo Danny (Edward Furlong) que praticamente o idolatra.
As coisas começam a fugir do controle e numa noite quando um grupo de negros tenta roubar o carro de Derek e Danny o avisa. Derek é preso pelo assassinato dos dois e é 3 anos depois, quando Derek está prestes a ser solto que a história começa.

Minha opinião

O filme é contado basicamente através da redação de Danny, o que torna ele ainda mais pessoal. Isso se destaca princpalmente em duas cenas, o assassinato dos negros e no final.

 Não só o assassinato em si e a reação de Danny, mas a reação de Derek ao ser preso como se fosse um Deus cumprindo sua missão, nem um pouco arrependido. As dificuldades de Danny de entender, de lidar com tudo isso.
As atuações são brilhantes. Destaque óbvio para Edward Norton.  Há momentos que você só quer impedir que as coisas aconteçam no filme. Você só quer proteger os personagens, tão grande é o nível de comprometimento que o filme causa.
O final, ah, o final, é estupendo. E deixa com ele questionamentos óbvios sobre a sociedade.

Para mim, o filme foi marcante demais. Vi quando lançou em 98 (ignorem a sensatez de me mostrarem o filme com 7 anos) e a única coisa que ficou gravada na minha mente foi justamente a cena do assassinato e a certeza que era um excelente filme. Revi o filme algum tempo atrás motivada por isso, sem ver a nota alta que o IMDB deu para ele ( me deprime pensar que Avengers tem a mesma nota, sem ofensas) e outras críticas.

Vale a pena ver e rever.

Resenha: Jogos Vorazes


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Jogos Vorazes possuía até um bom público, mas com o filme a série explodiu verdadeiramente. Confesso que não havia prestado muita atenção, considerando que só comparavam com Harry Potter e Crepúsculo (deixemos claro que Harry Potter simplesmente é a coleção da minha vida, entretanto não tenho essa paixão por Crepúsculo) me parecia apenas mais um sucesso adolescente provavelmente mal escrito e só visando dinheiro...
Foi com uma expectativa assim que fui ver o filme com meus amigos e sem saber praticamente nada da história. E foi assim que peguei os livros para ler e li cada um deles nos três dias que se seguiram. E daí tiro a primeira característica do livro: empolgante.
De fato, são livros que se lê numa tacada só e isso os caracteriza como bons livros.

A História

Num futuro onde a América do Norte não existe ergue-se Panem e seus doze distritos. A capital, o distrito número 1, Capitol comanda todos com mão ditatorial em teoria afim de impedir novas revoltas e o fim do mundo perfeito dos primeiros distritos.
Uma das formas de manter poder e mostrar como todos estão na mão do Capitol, são os Jogos Vorazes. Uma vez por ano, todos os cidadães de Panem se reúnem em frente a televisão para ver 24 adolescentes, entre 12 e 18 anos se matarem até que reste apenas um e esse um leva os louros da glória. No distrito 12, o distrito do minério e que vive em condição de miséria, Katniss se oferece no lugar da sua irmã para o Hunger Games. E assim começa sua batalha pela sobrevivência. Que se estende para além do jogo e do campo físico.




Minha opinião


SPOILER

É só uma série juvenil, de fato. Mesmo tendo uma crítica ao mundo ao redor, a história é para jovens. E como tal, cumpre o prometido. A história surpreende, você começa Jogos Vorazes só desejando que ela sobreviva e com o tempo também quer que o Peeta sobreviva. Ótimo, eles vão para casa. Acabou? Não. Não acabou. O que eles fizeram foi um desafio, apesar de que ela só estava pensando em sobrevivência. O castigo deles é voltarem ao campo. Você tem mortes, você tem momentos de tensão extrema, pesadelos psicológicos e no final, Peeta ainda por cima fica no poder do Capitolium. E quando finalmente a resistência é apresentada, você tem uma Katniss assustada, com o cérebro praticamente fritado e que só pensa no Peeta e na lavagem cerebral que ele está sofrendo e como ela causou tantas mortes e confusões. Como ela realmente deveria se sentir. Ela não nasceu "heroína", ela é uma pessoa comum, só forte. Mas, aceita ser a estrela da resistência. Peeta volta, mas a lavagem cerebral deu certo e ele tenta matá-la... Os livros seguem um ritmo acelerado e sem deixar de lado o psícologico das personagens  e isso é o que mais me encanta. Principalmente quando no final, quando o Capitolium já está caindo, Prim morre. Ouvi muitas críticas de como isso foi estúpido, assim como o amor de Peeta nunca deveria poder ser transformado, mas eu gostei. Foi realista. Amor também pode ser corruptível e as pessoas morrem. Bem simples. Foi tudo em vão? Não, é a resposta de Katniss. Dentro do seu mar de névoa após a morte da irmã e de toda a tristeza, ela vê como novos vilões se formam, como novos ditadores aparecem no horizonte e termina com outra era que começaria. Hunger Games cria personagens que você ama e os destroi na sua frente e você se sente tão fraca quanto Katniss.



FIM DO SPOILER

O que faz Hunger Games especial? Os livros são bem divididos e diferente das outras tantas aventuras adolescentes populares, ela não se foca no romance e não há criaturas sobrenaturais no elenco principal.  A personagem principal é muito bem construída, principalmente seus defeitos. Seu jeito calado, sarcastico, seu mal-humor, tudo é representado. Você é capaz de sentir o que ela sente.
Cruel? Brutal? Não acho. Para um livro juvenil, talvez. Se você fosse considerá-lo simplesmente como ficção, eu não diria que os livros eram tão bons, seriam bons ainda, mas faltaria bastante pontos para serem considerados bons livros de distopia. Mas, como ficção infanto-juvenil, digo que foi um excelente trabalho.
Hunger Games cumpre o que promete. Inteiramente. E é por isso que é um dos melhores livros juvenis que eu já li.  Pela ousadia da autora e pela forma como ela escreve. Pelas frases de efeito. Por ser capaz de criar tanta empatia.

Do medo


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Esse post era para o outro blog, mas resolvi deixa-lo apenas para crônicas e coisas do gênero. Quem quiser conhece-lo clique aqui.


A vida tem me causado uma angústia frequente esses dias. Uma necessidade de julgar todos os meus atos e me sentir mal com eles. Eu costumo dizer que é culpa da nossa sociedade manipuladora. Dizem que é uma fase e eu vou invariavelmente parar de culpa-la, mas duvido. Parece um pensamento bem lógico.
Só que não creio que essa questão é culpa dela, não inteiramente. Eu que não sei lidar com isso. Com a pergunta básica que não vale a pena se importar, de verdade: E se eu morrer agora?
Sabe esses seus planejamentos, as coisas que você guardou para fazer amanhã, os amigos que você tem  o dom de desencontrar? Sabe aquela festa que você quer ir? Sabe aquela viagem que você quer fazer? Sabe aqueles sonhos que você tem? 
Eles pertencem ao futuro. 

E nem sempre o futuro existe.

Me pego a pensar com frequência cada vez maior, como vai ser o mundo que eu irei perder. Penso se o dinheiro me possibilitaria viver mais tempo. Penso se ao menos algo eu deixei para a posteridade. São tantas questões inúteis afinal, diante de uma imensidão do universo. Só que quando eu fecho os olhos são essas questões que me bombardeiam, afastando meu sono.
É bobeira, eu sei. Mas, Saramago  já dizia: "Escrevemos porque não queremos morrer. É esta a razão profunda do acto de escrever." E faço minhas suas palavras.
Até o tumblr concorda!
Sou uma dessas pessoas que conviveu com a morte de perto, perto demais. Durante a infância a encarei com uma naturalidade enorme, mesmo após a morte do meu avô, meu segundo pai, eu tinha certeza que seria melhor para ele do que continuar a sofrer. O pessoal do setor de Oncologia do hospital, meus tios-avôs, meu primo de 15 anos, hamster.... Tudo isso passou naturalmente num primeiro momento. Só que como boomerangue voltou e me atingiu na nuca. Hoje em dia há um certo pavor.
Olho a morte com reverência agora e julgo isso pouco saudável. Não há nada mais natural do que morrer. O problema que eu sofro é viver com medo da morte. Não no sentido de deixar de fazer algo por isso e sim de deixar de dormir sufocada pela angústia do fim próximo.
Quando deito no travesseiro e sinto o pavor chegar, normalmente eu tento com bastante afinco, me concentrar na minha própria respiração. Ou com alguma sorte em alguma música muito específica, porque são poucas que não me causam nenhum tipo de nervoso ou agitação nesses primeiros minutos de sono. Como essa aqui abaixo por exemplo, tem sido meu jeito de dormir e meu despertador ao mesmo tempo.


Não que todo dia seja assim, não que a vida seja uma infelicidade sem tamanho. Não, não tem nada de errado. É só esse pensamento ruim recorrente.

Alguém mais tem isso?

Dica: Tiras


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Sou uma apaixonada por tiras desde pequena, estou sempre a procura de novas. Semana passada eu encontrei o Vida Besta e foi amor a primeira vista. Adoro o estilo de humor do cara.  Não é só engraçado, é desafiador. Faz pensar. O tipo de coisa que as pessoas não gostam muito, mas fazer o que. Elas também não gostam muito de ter suas hipocrisias apontadas, então... E o sarcasmo... Ah, como eu amo sarcasmo e como a maioria tende a odiá-lo. 
Como imagens dizem mais que palavras e o Galvão é bom com as duas coisas... Segue algumas tirinhas que eu gostei. 

E é isso aí.

Eu me identifico

Comecei mais cedo.


Quem gostou do trabalho, acesse o site e também tem o livro, a 25 reais!

Dicas vegans Petrópolis


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Resolvi dar um pequeno passeio em Petrópolis essa semana. Acabou sendo um passeio mais gastronômico. Minha mãe queria ir na Rua Teresa e eu queria sentir frio, acabou que nenhum dos dois foi satisfatório, já que a Rua Teresa é menos legal do que nós duas lembrávamos e nem tava frio (maldita previsão do tempo, mal posso ver seus movimentos).




A primeira é desse restaurante chinês vegetariano, mas com mais opções vegans do que vegetarianas. Nada daquilo de colocar queijo em tudo. Só vi duas coisas não vegans. Uma delas era ovo estalado e acho que estava lá mais para deixar os não-vegetarianos satisfeitos porque quando não tem carne, se come ovo - meu pai pareceu ficar contente com isso. E outra era uma salada que levava pedaços de ovo. Mas, tinha um aviso.
Esse fica no Shopping Center Dom Pedro II,  na Rua do Imperador.  Mas, o  irmão dele também tem um mais próximo do início da Rua Teresa. Comemos em um ontem e no outro hoje, achei melhor esse. Uns guioza maravilhosos, sushi de palmito, gluten entre outros sabores, wrap de legumes, feijoada... Muito bem temperada. E ah, de brinde com a refeição, vem um copo de suco verde (no caso deles menos couve e mais limão e hortelão, muito refrescante). 

O quilo acho que é 25,80, não lembro muito bem.

A outra coisa, foi algo que eu já andava procurando mas nunca vi no Rio, mas já havia lido que estava vendendo em São Paulo (que inveja). Então quando eu vi isso, eu gritei muito e ignorei o preço.

Afinal Häagen-Dazs é ainda mais caro, né?
Tive que me contentar com o potinho, deixei para depois o resto, apesar de ter uma paixão enorme por aqueles ice cream sandwich (O Android também, mas não é o caso).

Eu ia comprar o de Wildberry, mas me convenceram com o argumento de que o de chocolate daria para fazer uma comparação melhor com o sorvete comum, já que ele costuma levar mais leite mesmo. E a minha opinião é: Não é identico. É melhor que muito sorvete por aí. Totalmente apaixonada. Consumi parte do pote ainda congelado, depois fui andando, andando e cheguei a conclusão que ele é melhor um pouco derretido. Ele não fica líquido e sim cremoso mesmo após umas quatro horas andando com ele na mão (É, eu fiz o teste). Gostei mais dele um pouco derretido, justamente por causa da textura que eu adorei. O sabor é mais claramente de cacau, não é açúcar puro, minha principal queixa em relação a sorvete de chocolate. Muito bom. Ah, detalhe que eles colocaram um cartaz de propaganda escrito: Próprio para quem tem alergia a lactose. Vegan. Kosher.
Achei minimamente curioso.



Comprei no Empório Multimix
Rua Marechal Deodoro 99 - Centro
CEP 25620-150 -Petrópolis, RJ

Eles entregam também, mas obviamente só em Petrópolis. Mas, vale a pena passar lá, tem todos os sabores do Requeisoja e outras coisas interessantes que eu não lembro agora, mas o achei bem servido, por assim dizer.

Guia do Mochileiro da Galaxia


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De tanto que eu li na minha vida, eu sinto obrigação de indicar alguns. Esse para mim é um clássico que todo ser já deveria ter lido. Na minha opinião.  Nem que seja para entender o porque da resposta para a Vida, o Universo e Tudo mais ser 42. Só falta a pergunta. A despeito de ser uma série simples, de livros finos, sem muitas explicações e nem aprofundamento,  os livros constam com detalhes tão ricos que é preciso fazer uma análise de quase todos os parágrafos. Sim, não é um livro habitual  e é aí que ele ganha da maioria para mim e perde para tantas outras pessoas. É o tipo de livro que você quer compartilhar com os outros e que os outros tendem a achar chatos. :(



História


A trilogia de cinco que na realidade era para ser de quatro



Aparentemente simples, na realidade é confusa. Arthur Dent está prestes a ter sua casa destruída para passar uma via expressa. O projeto ficou exposto na prefeitura durante um ano, sem o conhecimento dele. Isso não importa segundo seu melhor amigo, Ford Prefect, porque a Terra  também está prestes a ser destruída para que uma via expressa possa ser construída. Nada surpreendente, o projeto também ficou exposto por um ano. E Ford só sabe disso por causa de seus inúmeros conhecimentos, afinal ele veio de um pequeno planeta nos arredores de Betelgeuse e estava na Terra para fazer pesquisas para a nova edição do Guia dos Mochileiro da Galaxia, o livro mais importante da Galaxia. E a razão segundo Douglas Adams é:

A razão de o Guia do Mochileiro das Galáxias ser o livro de maior sucesso da galáxia é, em primeiro lugar, por ser menor e ligeiramente mais barato do que a Enciclopédia Galáctica e, em segundo lugar, por trazer a frase “Não Entre em Pânico” em letras garrafais e amigáveis escrita na capa.

E com uma toalha e os conhecimentos do Guia, eles conseguem escapar da Terra. E daí em diante, contrariando os desejos de Arthur de simplesmente ficar largado num canto podendo tomar chá com leite e lendo jornal, eles são jogados de um canto ao outro da Galaxia no decorrer dos livros. Junto deles estão Tricia Mcmillan, uma garota de quem Arthur cantou em uma festa mas que preferiu ir "ver a nave espacial" de um sujeito. Sujeito esse o chamado Presidente da Galaxia ( não se iluda com o nome do título, de fato não é nada especial), Zaphod Beeblebrox cujas duas cabeças vivem a brigar.

Não espere amplas descrições de cenas de batalhas cinematográficas, os personagens estão angustiados demais para isso, em especial, o robô Marvin cujo cérebro do tamanho de um planeta faz com que viva em constante depressão.


O robô mais simpático da Galaxia no filme tem a dublagem feita pelo adorável Alan Rickman




Com um humor irônico, Douglas Adams vai criticando cada ponto da nossa sociedade, nossos hábitos diários e nossas preocupações infundadas, principalmente como tudo pode acabar tão rápido. Críticas ao consumismo, a religião, ao nosso comportamento, como somos pequenos diante da infinitude do universo. O livro não é para todos os gostos. Não vá atrás de ficção cientifica, romance... Os livros estão mais para teses filosóficas.

Imagino o quão confusa a resenha deve parecer, então irei acrescentar algumas citações apenas para que possam entender a ideia geral do livro.

A história de todas as grandes civilizações tende a atravessar três fases distintas: a da Sobrevivência, a da interrogação e a da Sofisticação. A Sobrevivência pode ser caracterizada pela pergunta: “Como vamos poder comer?”; a interrogação, pela pergunta: “Por que comemos?” e A Sofisticação, pela pergunta: “Aonde vamos almoçar?”
Existe uma teoria que diz que se um dia alguém descobrir para que serve o universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e algo ainda mais estranho e improvável o substituirá. Existe outra que diz que isso já aconteceu.
.O Guia do Mochileiro da Galaxia, tem alguns conselhos a respeito de porres. "Vá fundo", diz o texto, " e boa sorte"


E eu deveria encerrar por aqui. De verdade. Mas, existe um capítulo em O restaurante no fim do universo que eu gosto demais. Quando eles encontram o "regente" do universo, então se se interessam continuem a ler, senão, podem acabar por aqui.


— Olá? — disse o homem.
— Ah, desculpe — disse Zarniwoop —, tenho motivos para acreditar...
— Você rege o Universo? — disse Zaphod. O homem sorriu para ele.
— Tento não reger — disse. — Vocês estão molhados? Zaphod olhou para ele
assombrado.
— Molhados? — gritou. — Não parece que estamos molhados?
— É o que me parece — disse o homem —, mas como vocês se sentem a esse
respeito poderia ser uma questão completamente diferente. Se acharem que o calor os
secará, é melhor entrarem.
Entraram.
Espiaram a cabana por dentro, Zarniwoop com aversão, Trillian com interesse,
Zaphod deliciado.
— Ei, ahn... — disse Zaphod — qual é seu nome? O homem olhou para eles em
dúvida.
— Não sei. Por que vocês acham que eu haveria de ter um? Parece-me muito
estranho dar um nome a um amontoado de vagas percepções sensoriais.
Convidou Trillian a sentar-se na poltrona. Ele se sentou na beirada, Zarniwoop
recostou-se rigidamente contra a mesa e Zaphod estendeu-se no colchão.
— Uauí! — disse Zaphod. — O assento do poder! — Fez cócegas no gato.
— Ouça — disse Zarniwoop —, tenho que lhe fazer algumas perguntas.
— Está bem — disse gentilmente o homem. — Pode cantar para meu gato se quiser.
— Ele gostaria? — perguntou Zaphod.
— É melhor perguntar para ele — disse o homem.
— Ele fala? — perguntou Zaphod.
— Não tenho lembrança dele falando — disse o homem —, mas sou bastante
falível.
Zarniwoop tirou algumas anotações do bolso.
— Agora — disse ele —, o senhor rege o Universo, não rege?
— Como posso saber? — disse o homem. Zarniwoop fez um sinal diante de uma
anotação no papel.
— Há quanto tempo o senhor faz isso?
— Ah — disse o homem —, essa é uma pergunta sobre o passado, não?
Zarniwoop olhou para ele, confuso. Não era isso exata-mente o que esperava.
— Ê — disse.
— Como posso saber — disse o homem —, se o passado não é uma ficção
projetada para explicar a discrepância entre minhas sensações físicas imediatas e meu estado
de espírito?
Zarniwoop cravou os olhos nele. O vapor começava a subir de suas roupas
encharcadas.
— Então você responde todas as perguntas desse jeito? — perguntou.
O homem respondeu rápido.
— Digo o que me ocorre dizer quando acho que ouço as pessoas dizerem coisas.
Mas eu não posso dizer.
Zaphod riu alegremente.
— Vou beber isso — disse, e pegou a garrafa de aguardente Janx. Levantou-se de
um salto e ofereceu a garrafa ao homem que rege o Universo, que a pegou com prazer.
— Muito bem, grande regente — disse. — Conte as coisas como as coisas são!
— Não, escute-me — disse Zarniwoop —, vêm pessoas ver você, não? Em naves...
— Acho que sim — disse o homem. Entregou a garrafa a Trillian.
— E eles lhe pedem — disse Zarniwoop — para tomar decisões para eles? Sobre as
vidas das pessoas, sobre os mundos, sobre economia, sobre guerras, sobre tudo o que se
passa no Universo lá fora?
— Lá fora? — disse o homem. — Onde?
— Lá fora! — disse Zarniwoop apontando para a porta.
— Como você sabe que tem alguma coisa lá fora? — disse o homem educadamente.
— A porta está fechada.
A chuva continuava a golpear o teto. Dentro da choupana estava quente.
— Mas você sabe que existe um Universo inteiro lá fora! — gritou Zarniwoop. —
Você não pode esquivar-se de suas responsabilidades dizendo que elas não existem!
O homem que rege o Universo pensou por um longo tempo enquanto Zarniwoop
trepidava de raiva.
— Você tem muita certeza de seus fatos — disse por fim. — Eu não confiaria num
homem que conta com o Universo, se é que existe um, como algo certo.
Zarniwoop ainda trepidava, mas estava em silêncio.
— Eu apenas decido sobre o meu Universo — prosseguiu o homem calmamente. —
Meu Universo são meus olhos e meus ouvidos. Qualquer coisa fora disso é boato.
— Mas você não crê em nada?
O homem sacudiu os ombros e apanhou seu gato.
— Não entendo o que você quer dizer — disse.
— Você não entende que o que decide nesta choupana afeta as vidas e os destinos
de milhões de pessoas? Isto tudo está monstruosamente errado!
— Não sei. Nunca vi essas pessoas todas de que você fala. E nem você, suspeito.
Elas existem apenas nas palavras que ouvimos. É loucura você dizer que sabe o que está
acontecendo com as outras pessoas. Só elas sabem, se existirem. Elas têm seus próprios
Universos de seus olhos e seus ouvidos.
Trillian disse:
— Acho que vou dar uma saída lá fora por um momento.
Saiu e foi andar na chuva.
— Você acredita que existem outras pessoas? — insistiu Zarniwoop.
— Não tenho opinião. Como posso saber?
— É melhor eu ir ver o que há com Trillian — disse Zaphod, e saiu.
Lá fora ele disse para ela:
— Acho que o Universo está em boas mãos, ehn?
— Muito boas — disse Trillian. Foram andando pela chuva.
Lá dentro, Zarniwoop continuava.
— Mas você não entende que as pessoas vivem ou morrem pela sua palavra?
O homem que rege o Universo esperou o quanto pôde. Quando ouviu o som débil
dos motores da nave sendo ligados, falou para encobri-lo.
— Não tem nada a ver comigo — disse —, não estou envolvido com as pessoas.
Deus sabe que não sou um homem cruel.
— Ah — vociferou Zarniwoop —, você diz "Deus". Você acredita em alguma
coisa!
— Meu gato — disse o homem benignamente, pegando-o e acariciando-o. — Eu o
chamo de Deus. Sou bom pira ele.
— Muito bem — disse Zarniwoop, pressionando. — Como você sabe que ele
existe? Como você sabe que ele sabe que você é bom, ou que ele gosta daquilo que ele acha
que é sua bondade?
— Eu não sei — disse o homem com um sorriso —, não tenho idéia. Simplesmente
me agrada agir de uma certa maneira com o que me parece ser um gato. Você se comporta
de outro jeito? Por favor, acho que estou cansado. Zarniwoop suspirou completamente
insatisfeito e olhou à sua volta.
— Onde estão os outros dois? — disse de repente.
— Que outros dois? — disse o homem que rege o Universo, recostando-se na
poltrona e enchendo o copo de uísque.
— Beeblebrox e a garota! Os dois estavam aqui!
— Não me lembro de ninguém. O passado é uma ficção para explicar...
— Esqueça — rosnou Zarniwoop e saiu correndo na chuva. Não havia nave. A
chuva continuava a revolver a lama. Não havia sinal que mostrasse onde tinha estado a
nave. Ele gritou na chuva. Virou-se e correu de volta para a choupana e a encontrou
trancada.O homem que rege o Universo cochilava em sua poltrona. Depois de um tempo
brincou com o lápis e o papel outra vez e ficou encantado ao descobrir como fazer uma
marca com um no outro. Havia vários barulhos vindos do lado de fora mas ele não sabia se
eram reais ou não. Ficou então falando com a mesa durante uma semana para ver como ela reagiria.



Até mais e obrigado por todos os peixes.

4 cats in the bed 1


.

Aqui em casa até algumas semanas atrás havia 4 gatas. Só quem tem animal para entender o quanto eles podem ser diferentes entre si. Então eu tinha a Kittchen, Kiki, Artie e "Ratinho", que agora que tem cara de gato se chama Nina e que ela é a origem do "Por favor, senhorita".
Obviamente quatro gatas é muita coisa, então eu acabei por doar a Kittchen e a Nina em breve irá fazer uma viagem de ônibus e ir morar com meu irmão.
Eu vou escrever sobre cada uma delas com calma, considerando que elas estão presentes constantemente no meu dia a dia, principalmente quando eu quero fazer algo, como escrever ou digitar e elas acham a caneta/ laptop a coisa mais interessante do mundo.
Mas, se tem algo que posso dizer das duas que vão ficar é que cada uma delas pode ser descrita com uma palavra. A da Kiki é medrosa e a Artie é agitada. E é assim que elas ficam quando tem gente aqui em casa.



Mas ela só fica assim com visita. Ou barulhos. Ou insetos. Ou qualquer coisa que a assuste. Normalmente ela é mais assim:
Já irei te dar atenção, deixa eu só acabar de ler meus e-mails, ok?



Circle Lens


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Sempre fui encantada pelas tais das Circle Lens coreana que prometem te deixar com cara de personagem de anime, só que nunca as havia visto para vender ao vivo, sempre para encomendar de sites coreanos desconhecidos.
Então durante minha curta estadia em Londres, eu fui na Namco Station junto dos meus pais. Lá logo na frente de uma loja tinha escrito: Geo Medical Lens, £15 o par, que me pareceu bem barato. Hoje em dia sei que não é bem por aí.
Como meu pai é surtado com lente de contato, eu comprei em um momento que ele saiu da loja para procurar Cherry Coke e comprei uma preta bem aleatoriamente me sentindo A ninja (considerando as roupas de Naruto que tinham ao redor, nem era a toa). Acabou que foi o modelo perfeito.
A lente a que eu estou acostumada é de 14 mm, essa era "um pouco" maior, 14.8. Bem diferente das de 18.5 como essa aqui debaixo.

Assim ó.
Era perfeito para eu ir me acostumando. Para vocês compararem a diferença entre o tamanho normal e a minha:
A minha é a da direita.

Lembro que eu as escondi na mochila, paguei com meu cartão internacional, escondi a  felicidade e meu pai só soube uns 4 meses depois. Agora estou ansiosa por comprar outras. Tem sites que dá para comprar já com grau, porque bem, né, eu sou míope, essas lentes só para eu usar com óculos ou para tirar fotos senão eu acabo sendo atropelada na rua. ¬¬

Mas, que eu acho lindo, eu acho.


Caixas organizadoras


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Sabe aquela sensação de que não se sabe fazer nada? Eu sei e muito bem. Eu fico pensando que além do meu vício em internet e videogame eu não sei fazer nada direito. Nessas horas normalmente eu fico desesperada para fazer algo manual. E foi assim que eu fiz quase 2 anos de desenho. E olha, surpreendentemente, eu aprendi técnica e a desenhar muito bem, uma melhora incrível. Mas, aí eu fiquei uns 5 anos sem fazer um desenho sério e esqueci quase tudo que aprendi. C'est la vie. Então agora eu apelo para os chamados Do It Yourself - DIY ou qualquer artesanato minimamente útil. E aí vem meu outro problema de vida, organização. Eu me esforço, de verdade. Mas, eu tendo a bagunçar tudo e esquecer onde eu deixo as coisas. Então, o que eu mais "construo" são caixas organizadoras.


Todas foram feitas de embalagens antigas. Desde caixas de pomada a embalagens de tinta de cabelo. A da esquerda foi feita a partir de colagens de propagandas e guarda meus dois diários antigos., serve mais para eles ficarem em pé do que para qualquer coisa. Agora as outras quatro, foram cortadas e pintadas com tinta para artesanato preta mesmo e fiz os porcos desenhos com lápis de cor. Eu vou explicar para não deprimir por ninguém entender. Na ordem: Torre de Tókio, Torre de Pisa, Torre Eiffel e Taj Mahal para acabar com a sequência das torres.

Em menos de 20 minutos dá para fazer e eu me sinto até meio orgulhosa deles, eu juro. E pelo menos as coisas ficam mais juntas. A Torre de Pisa por exemplo está guardando meus batons e aqueles pequenos kits de sombra e a Torre Eiffel guarda pomadas e tubos do gênero que estavam começando a entulhar a gaveta.

A idéia (para mim sempre vai ter acento) veio desse blog.

Idéia


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Era uma vez uma garota que tinha uma entrevista para um emprego que ela não queria. Então ela ficou pensando que tinha de ir, porque tinha de ir. A despeito da cama dela nunca ter estado tão gostosa e dela ter ido dormir na "noite" anterior as 6 da manhã. Então ela se levantou. Se preparou. Pegou uma blusa social cuja cor ela adora, colocou a maquiagem mais básica possível, porque essa garota não é vidrada em maquiagem e se preparou para sair.
Encarar o mundo, ser uma pessoa adulta. Trabalhar 40 horas por semana em algo que não gosta em um horário, ir para a faculdade em outro. Enquanto seu cérebro gritava: Por favor, senhorita, fique. Essa não é a vida que você quer.
Então ela se tocou que não tem carteira de trabalho com PIS. Esse é o blog dessa garota, que resolveu ficar em casa ao invés de ganhar e fazer o que não gosta.