Jogos Vorazes possuía até um bom público, mas com o filme a série explodiu verdadeiramente. Confesso que não havia prestado muita atenção, considerando que só comparavam com Harry Potter e Crepúsculo (deixemos claro que Harry Potter simplesmente é a coleção da minha vida, entretanto não tenho essa paixão por Crepúsculo) me parecia apenas mais um sucesso adolescente provavelmente mal escrito e só visando dinheiro...
Foi com uma expectativa assim que fui ver o filme com meus amigos e sem saber praticamente nada da história. E foi assim que peguei os livros para ler e li cada um deles nos três dias que se seguiram. E daí tiro a primeira característica do livro: empolgante.
De fato, são livros que se lê numa tacada só e isso os caracteriza como bons livros.
A História
Num futuro onde a América do Norte não existe ergue-se Panem e seus doze distritos. A capital, o distrito número 1, Capitol comanda todos com mão ditatorial em teoria afim de impedir novas revoltas e o fim do mundo perfeito dos primeiros distritos.
Uma das formas de manter poder e mostrar como todos estão na mão do Capitol, são os Jogos Vorazes. Uma vez por ano, todos os cidadães de Panem se reúnem em frente a televisão para ver 24 adolescentes, entre 12 e 18 anos se matarem até que reste apenas um e esse um leva os louros da glória. No distrito 12, o distrito do minério e que vive em condição de miséria, Katniss se oferece no lugar da sua irmã para o Hunger Games. E assim começa sua batalha pela sobrevivência. Que se estende para além do jogo e do campo físico.
Minha opinião
SPOILER
É só uma série juvenil, de fato. Mesmo tendo uma crítica ao mundo ao redor, a história é para jovens. E como tal, cumpre o prometido. A história surpreende, você começa Jogos Vorazes só desejando que ela sobreviva e com o tempo também quer que o Peeta sobreviva. Ótimo, eles vão para casa. Acabou? Não. Não acabou. O que eles fizeram foi um desafio, apesar de que ela só estava pensando em sobrevivência. O castigo deles é voltarem ao campo. Você tem mortes, você tem momentos de tensão extrema, pesadelos psicológicos e no final, Peeta ainda por cima fica no poder do Capitolium. E quando finalmente a resistência é apresentada, você tem uma Katniss assustada, com o cérebro praticamente fritado e que só pensa no Peeta e na lavagem cerebral que ele está sofrendo e como ela causou tantas mortes e confusões. Como ela realmente deveria se sentir. Ela não nasceu "heroína", ela é uma pessoa comum, só forte. Mas, aceita ser a estrela da resistência. Peeta volta, mas a lavagem cerebral deu certo e ele tenta matá-la... Os livros seguem um ritmo acelerado e sem deixar de lado o psícologico das personagens e isso é o que mais me encanta. Principalmente quando no final, quando o Capitolium já está caindo, Prim morre. Ouvi muitas críticas de como isso foi estúpido, assim como o amor de Peeta nunca deveria poder ser transformado, mas eu gostei. Foi realista. Amor também pode ser corruptível e as pessoas morrem. Bem simples. Foi tudo em vão? Não, é a resposta de Katniss. Dentro do seu mar de névoa após a morte da irmã e de toda a tristeza, ela vê como novos vilões se formam, como novos ditadores aparecem no horizonte e termina com outra era que começaria. Hunger Games cria personagens que você ama e os destroi na sua frente e você se sente tão fraca quanto Katniss.
FIM DO SPOILER
O que faz Hunger Games especial? Os livros são bem divididos e diferente das outras tantas aventuras adolescentes populares, ela não se foca no romance e não há criaturas sobrenaturais no elenco principal. A personagem principal é muito bem construída, principalmente seus defeitos. Seu jeito calado, sarcastico, seu mal-humor, tudo é representado. Você é capaz de sentir o que ela sente.
Cruel? Brutal? Não acho. Para um livro juvenil, talvez. Se você fosse considerá-lo simplesmente como ficção, eu não diria que os livros eram tão bons, seriam bons ainda, mas faltaria bastante pontos para serem considerados bons livros de distopia. Mas, como ficção infanto-juvenil, digo que foi um excelente trabalho.
Hunger Games cumpre o que promete. Inteiramente. E é por isso que é um dos melhores livros juvenis que eu já li. Pela ousadia da autora e pela forma como ela escreve. Pelas frases de efeito. Por ser capaz de criar tanta empatia.