Resenha: Peter Pan


.

Estranhas folhas de árvore no chão do quarto das crianças, um menino, vestido de folhas e de limo, que aparece subitamente... Bem que a intuição da senhora Darling lhe dizia que algo estava para acontecer. Logo, seus filhos estariam envolvidos numa incrível viagem à Terra do Nunca, onde os adultos não entram e de onde muitas crianças não voltam jamais! Nenhum pirata será tão cruel, nenhuma sereia tão sedutora, nenhuma aventura tão emocionante como aqui, onde tudo tudo começou! 
Texto na contra capa do livro 

Comprei Peter Pan em uma dessas bienais da vida, a editora Salamandra estava com uma promoção boa e o que logo me encantou foi a capa.
A história já é bem conhecida pelo filme da Disney, mas o filme aproveita apenas alguns personagens deixando de lado tanta história. Não vou entrar no mérito de ser ou não uma história infantil. Lembro que não achei o livro realmente para crianças.

Acho essa capa linda demais.


A história

Essa é uma história sobre uma Ilha. Onde sereias, piratas, índios e guerreiros coexistem. Onde adultos são os vilões. Mas, é principalmente a história de um menino com sardas, riso fácil e com todos os dentes de leite na boca e que será menino para todo o sempre.
Peter Pan, o maior aventureiro de todos os tempos, se encanta ao ouvir as histórias contatas por Wendy para seus dois irmãos em Londres. Por achar que Wendy seria uma boa mãe ele resolve a levar até a  Terra do Nunca, onde meninos nunca deixarão de ser meninos. Peter a leva junto com seus irmãos João e Miguel e juntos com os meninos perdidos eles poderão viver as mais terríveis em incríveis aventuras, sem nunca ter de se preocupar com crescer.

Minha opinião

Primeiramente, o texto acima soou menos sessão da tarde na minha cabeça....James Barrie constrói seu conto a partir de Peter que me encantou logo de cara. Seu jeito moleque, a vontade de nunca crescer,  seu jeito de falar, sua empolgadão, sua vontade de combater a justiça, acabar com o mal do mundo e seu jeito mandão.
Temos a Sininho ainda mais ciumenta no livro, um Peter que se esquece das coisas e vemos a preocupação de Wendy com seus pais, como é tão fácil viver sem responsabilidades, mas tão errado.

Já haviam me dito que o livro era uma crítica a época. De como João tem que crescer para trabalhar em um banco e como Wendy tem que ficar e cuidar da casa. Os esteriótipos são reforçados. Se isso foi feito para ser uma crítica ou não, só perguntando a Mr. Barrie.
Eu penso sim, como uma crítica. Pois, a peça foi primeiramente apresentada para adultos e mais ainda, criança nenhuma vai entender esse medo de crescer. Adultos sim. Adultos entendem o que é "abrir mão das ilusões" e assumir seu papel na sociedade. Isso pode ser uma preocupação do início da adolescência, mas  uma criança não sabe o que é ser um adulto. Um adulto sabe como é ser adulto e como é ser criança, logo acho que a história se direciona também a eles.
O final é diferente do dos filmes. E o maior mérito em relação ao livro é justamente como os sentimentos se desenvolvem.
A leitura vale a pena, mas só se você não esperar ver o conto da Disney, Peter Pan é uma peça de 1904, um livro de 1911.  Ciente disso, entre no livro, mergulhe de cabeça nas aventuras e aproveite.

"Todas as crianças crescem- menos uma. E bem cedo elas ficam sabendo que vão crescer. O jeito de Wendy ficar sabendo foi assim. Um dia, quando ela tinha dois anos, estava brincando no jardim, pegou mais uma flor e correu com ela para junto da mãe. Imagino que ela devia estar uma gracinha, porque a senhora Darling pôs a mão no coração e exclamou: -Ah, Por que é que você não pode ficar assim para sempre?
Foi só isso que se passou entre as duas sobre esse assunto. Mas, daí para a frente, Wendy ficou sabendo que tinha que crescer. Depois dos dois anos, você sempre fica sabendo. Dois anos é o começo do fim. "

Post-Scriptum: Se possível, pegue essa edição. A tradução da Ana Maria Machado é belíssima e as 
ilustrações beiram a perfeição. 


"Eu não sei se alguma vez você já viu o mapa da cabeça de uma pessoa por dentro. Ás vezes os médicos desenham mapas de outras partes suas, e seu próprio mapa pode ser muito interessante. Mas eles nunca se metem a desenhar a mente de uma criança. Não só porque é muito confusa, mas porque ela fica girando sem parar. É cheia de linhas em ziguezague parecidas com os gráficos de temperatura. Provavelmente essas linhas são estradas da Ilha. Ah sim porque a Terra do Nunca é, sempre, mais ou menos uma ilha, com manchas surpreendentes de cores aqui e ali, com recifes de coral e embarcações cheias de mastros se fazendo ao largo, com selvagens e covis solitários, com gnomos que quase sempre são alfaiates e com cavernas por onde correm rios, com príncipes que têm seis irmãos mais velhos e uma cabana que está caindo aos pedaços e uma velha muito velha de nariz torto."

Your Reply